Bem-vindo(a) ao blog da Dra. Érica, sua médica alergista e imunologista de confiança!
Eritema pigmentar fixo: entenda essa reação alérgica da pele
O eritema pigmentar fixo é uma reação alérgica da pele que costuma assustar quem a vivencia pela primeira vez: manchas vermelhas ou arroxeadas que surgem de forma repentina, muitas vezes após o uso de um medicamento, e que reaparecem sempre no mesmo local do corpo quando há nova exposição ao mesmo agente.
Embora o nome soe técnico, trata-se de uma condição relativamente comum entre as reações medicamentosas, e que pode ser diagnosticada e controlada com o acompanhamento de um especialista.
O que é o eritema pigmentar fixo
O Eritema Pigmentar Fixo (EPF) é uma reação inflamatória da pele provocada, na maioria dos casos, por hipersensibilidade a medicamentos.
Ele recebe o nome “fixo” porque as lesões sempre reaparecem no mesmo local quando o organismo entra novamente em contato com a substância causadora.
Essas lesões se caracterizam por manchas avermelhadas ou arroxeadas, que podem causar ardor, coceira ou sensação de queimação, e frequentemente evoluem para uma pigmentação residual (escurecimento da pele) que pode durar semanas ou meses mesmo após a melhora do quadro agudo.
Principais causas e medicamentos associados
Diversos fármacos podem desencadear o eritema pigmentar fixo. Entre os mais frequentemente implicados estão:
Antibióticos (como sulfas, tetraciclinas e penicilinas)
Anti-inflamatórios não esteroides (AINEs). Lembre-se que analgésicos e antitérmicos comuns (como dipirona, paracetamol e ibuprofeno) são classificados como AINEs.
Anticonvulsivantes
Sedativos e medicamentos para insônia
Vale lembrar que qualquer substância capaz de gerar sensibilização individual pode causar o quadro - inclusive alimentos ou corantes, embora com menor frequência.
A primeira exposição ao medicamento sensibiliza o sistema imunológico. Em exposições posteriores, o corpo reconhece o agente como “invasor” e desencadeia uma reação de hipersensibilidade tipo IV (tardia, mediada por linfócitos T), resultando na inflamação localizada da pele.
Como se manifesta
O eritema pigmentar fixo pode acometer uma única área da pele ou múltiplos locais. As regiões mais comuns incluem:
Lábios e mucosa oral
Genitais
Mãos e pés
Braços, pernas e tronco
As lesões geralmente são circulares ou ovaladas, bem delimitadas, de coloração vermelha intensa ou violácea. Após a melhora, é típica a mancha residual amarronzada, que marca o local onde a reação ocorreu.
Nos casos mais leves, as manchas são poucas e isoladas. Em casos mais graves (como o eritema pigmentar fixo generalizado), podem aparecer múltiplas lesões e até formar bolhas ou descamações.
Diagnóstico
O diagnóstico é clínico, baseado no aspecto das lesões e na relação temporal com o uso de algum medicamento.
O paciente geralmente relata que as manchas surgem poucas horas após tomar determinado remédio e que, ao usar o mesmo medicamento novamente, as lesões voltam exatamente no mesmo local.
Em alguns casos, o alergista pode recorrer a testes de contato (patch test) ou a testes de provocação controlada, realizados em ambiente hospitalar e com segurança, para confirmar o agente causador - sempre com critério e sob supervisão médica.
Tratamento
O principal passo no tratamento é identificar e suspender o medicamento responsável. Isso evita novos episódios e a progressão das lesões.
As medidas terapêuticas incluem:
Corticosteroides tópicos ou orais, para reduzir a inflamação e acelerar a recuperação;
Antihistamínicos, se houver coceira intensa;
Hidratação da pele e uso de cremes calmantes, conforme orientação médica;
Evitar exposição solar direta sobre as manchas, que pode intensificar a pigmentação residual.
Na maioria dos casos, o quadro regride espontaneamente em poucos dias, mas a mancha residual pode persistir por semanas.
É fundamental que o paciente mantenha registro (ou informe ao médico) sobre o medicamento envolvido, para evitar uso futuro inadvertido.
Como prevenir novas reações
Informe sempre a médicos e dentistas sobre o episódio de eritema pigmentar fixo e qual medicamento o causou;
Evite automedicação, especialmente com analgésicos e anti-inflamatórios;
Leia, atentamente, a composição de novos medicamentos, já que substâncias semelhantes podem desencadear nova crise;
Lembre-se que medicamentos antigripais costumam ter em sua composição uma mistura de diversas classes medicamentosas como antialérgicos, descongestionantes e anti-inflamatórios;
Caso precise utilizar outro fármaco da mesma classe, procure um alergista para avaliação e teste específico.
Quando procurar o alergista
Sempre que ocorrer uma reação cutânea suspeita após uso de medicamento, é importante procurar atendimento médico. O alergista e imunologista é o profissional capacitado para investigar a causa, realizar testes específicos, orientar sobre prevenção e identificar alternativas terapêuticas seguras.
Mesmo sendo, na maioria das vezes, uma reação localizada e benigna, o eritema pigmentar fixo faz parte do espectro das reações de hipersensibilidade a medicamentos e deve ser acompanhado com atenção - já que pessoas com histórico de alergias medicamentosas podem ter risco maior de outras reações.
Caso clínico
As imagens a seguir exibem lesões que uma paciente apresentou após o uso do antiinflamatório Nimesulida. Dez meses antes, havia apresentado lesões muito semelhantes exatamente nos mesmos locais do corpo. Porém, na ocasião, foi diagnosticada, erroneamente, como portadora de uma doença infecciosa e submetida ao uso desnecessário de antibiótico.
Mácula eritemato-violácea em antebraço
Mácula eritemato-violácea na coxa
Conclusão
O eritema pigmentar fixo é uma manifestação cutânea alérgica característica, geralmente relacionada ao uso de medicamentos.
Apesar de assustar pela aparência, seu prognóstico costuma ser bom quando o agente causador é identificado e evitado.
O papel do alergista é essencial para investigar, orientar e prevenir recorrências - promovendo segurança e qualidade de vida ao paciente.
Publicação: nov./2025
Lembre-se: “Alergia controlada é qualidade de vida!”